domingo, 26 de agosto de 2012

Hoje e amanhã coloridos


Agora queria azul, pintava o céu. As cores formavam sempre algo inesperado ao final: uma girafa, desta vez. Tinha desenhado uma girafa - pescoço grande, amarelada com pitinhas marrons e sempre próxima a alguma árvore. Era engraçada essa noção de mundo, essa noção de uma vida que não conhecemos direito, apenas por outros, pela televisão, por livros, por contos... pela nossa imaginação. "Girafa come folha, né?"; "Sim, filha, elas comem.". Digo engraçada essa noção de mundo, pois ela tem apenas alguns anos. Tem apenas cinco. O mundo ao nosso redor é sempre bem maior do que imaginamos. Sempre há algo novo a ser descoberto e as crianças fazem isso muito bem.
Já era tarde e minha pequena bocejava, já estava cansada de tanto brincar. Gosto quando me pede pra que eu faça o leitinho quentinho antes de dormir. Gosto quando ela me acorda no meio da noite pra dizer que teve um pesadelo e que quer dormir comigo. Tenho medo que o tempo passe depressa. Tenho medo de perder pra sempre essa fase tão ingênua e sincera, essa fase tão bonita - ser criança. Os rabiscos ficarão pra sempre em minha memória, os desenhos... Os traços coloridos em meus livros, a tentativa de escrever o próprio nome nos meus papéis, nos meus trabalhos. Tudo isso ficará pra sempre na lembrança, pra sempre na saudade.

Da vez que me apaixonei


Eu não tinha muitas certezas. Na verdade minha cabeça estava confusa. Meus pensamentos já estavam se misturando e meu corpo se arrepiava sempre que lembrava dos momentos bons que passei. Recorri a meus travesseiros, com a esperança de que aquela sensação desaparecesse assim que eu acordasse no dia seguinte - mas isso nunca acontecia. Pra falar a verdade, a cada amanhecer, parecia que algo dentro de mim estava nascendo. Algo estava ficando cada vez maior e mais bonito. Foi numa tarde, uma tarde sem novidade alguma, uma tarde qualquer. Foi numa tarde em que tudo fez sentido. Quando nossas bocas se tocaram e o arrepio tomou conta de meu corpo inteiro. Aqueles olhos um tanto sonolentos diziam que me amavam e foi ai que tudo fez sentido. Foi quando os sorrisos começaram a aparecer constantemente em minha face, vinham sem motivo...
Agora eu tinha algumas certezas e muito amor. Agora minha cabeça estava se ajeitando, meus pensamentos não me incomodavam tanto. Dormir já não era um problema, os sonhos faziam parte da minha realidade... Então recorria a Vinícius que sempre me dizia: "Que não seja imortal, posto que é chama; Mas que seja infinito enquanto dure"

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

VI

Sinto que esse novo tempo demora a passar. Sinto que novas brisas chegarão, mas elas demoram tanto. Tentei estudar geografia em busca de alguma resposta, mas nada. Ouvir músicas animadas me deixam cada vez mais pra baixo e isso é contraditório demais. Tentei dormir cedo, tentei fazer com que a felicidade chegasse cada vez mais rápido. Chegasse por qualquer meio, através do sonho ou pelos raios da manhã seguinte, mas que chegasse. Eu inventava histórias onde a protagonista quem era? Eu, é claro. Muitas vezes não apareço como figura das histórias que crio, mas apareço sofrendo com os acontecimentos ruins, cantando pelos alegres... Como o leitor de um livro, talvez. Como o leitor de um livro deveria ser. A realidade das coisas muitas vezes me parece tão estranha, tão feroz, tão ruim. A realidade supera todos os sonhos, pois nunca sonhamos uma realidade. Talvez fadas, talvez personagens de contos de fadas sonhem com a realidade, afinal eles vivem em um sonho. Um sonho onde o final é sempre lindo, cheio de verde e amor.

domingo, 12 de agosto de 2012

Feliz dia dos pais, feliz todo dia.


"Pra que digam quando eu passe: saiu igualzito ao pai."

               Queria dizer que cresci te ouvindo cantar Engenheiros do Hawaii, músicas gauchescas, Roupa Nova... Queria dizer que cresci ouvindo tuas histórias de infância, histórias da tua época. Cresci tendo em mim um pouco de ti, um pouco de tuas manias, e ainda as tenho. Durante todo esse tempo, pai, quase dezoito anos, te digo que enriqueci. Enriqueci de maneira intelectual, enriqueci com teus ensinamentos, com teus conselhos. Em verdade, minha maior riqueza é te ter em minha vida.
És o melhor dos melhores, o melhor dos amigos. Sempre ao meu lado em todas as horas, apoiando-me quando preciso, dando-me forças nos momentos difíceis. Isto é ser pai: ser criança outra vez, ser adolescente novamente e amadurecer com a gente. Isto é ser pai, isto é ser amigo, isto é o que você é.
Sei que o tempo é uma caixinha de surpresas e temo que não saibas que meu sentimento por ti não se mede, é imenso. Temo que eu ainda não tenha conseguido demonstrar meu carinho e admiração por ti. Tu és meu exemplo, pai, tu és meu herói.
               Há pessoas que nos encantam, e para mim tu é uma destas pessoas. Sei que ainda hei de aprender muito contigo, pai. Ainda vamos dar boas risadas juntos, ainda vai haver muita história para ser contada... Poderia ficar aqui, escrevendo, escrevendo, falando de ti, de nós, mas palavras me faltariam. Ainda procuro palavras para agradecer-te.

Feliz teu dia, pai! Feliz todos os dias!

Te amo.

sábado, 11 de agosto de 2012

Não pude ver seu rosto

Se eu soubesse já tinha acordado há muito tempo. Minhas pernas dormentes já não querem se mexer. Meus olhos não querem se abrir. Eu viajando em mil pensamentos, sonhei que voava. Caminhei entre jardins belíssimos e senti o cheiro de cada bela flor. Uma mão pousava sobre meu ombro e eu não sabia de quem era. Segui em frente, aquilo não importava. A paisagem era simplesmente linda e logo eu estava em uma praia deserta. Aquela mão outra vez retornou, mas desta vez pegou na minha e me acompanhou até o mar. Meus olhos teimosos não encontravam os olhos do ser ao qual pertencia aquela mão. Eu me esforçava por falar algo, mas nada saia - apenas respirações sutis em meio aquela imensidão azul. Os pássaros voavam na direção sul. Uma borboleta passou por ali e notei que estava perdida. Alguns flashes, muita luz e agora me movo lentamente: Maldita hora em que os sonhos desaparecem! Maldita hora que o despertador tem que tocar!

sábado, 4 de agosto de 2012

Início de uma história com final feliz

Ela me pareceu feliz. Sentou-se ao meu lado falando de sua casa nova e suspirava a cada frase. Seu sorriso exalava felicidade, e suas mãos estavam geladas, como sempre. Ofereci um chá, ela recusou, estava muito eufórica. Contou-me das janelas, o quão lindas eram. "As janelas, Lu?" Sim, as janelas dão um ar de campo à casa, um ar de liberdade. Eu ria ouvindo as coisas que ela me dizia, ria ouvindo seus sonhos, seus desejos, ria ouvindo alguma história sobre cada peça de sua casa nova - cada uma tinha uma história e isso era o mais engraçado. Ela estava realmente feliz: agora era casada, tinha uma casa, esperava um filho (e quem sabe não eram dois, ou até três ali naquela barriguinha que logo, logo crescerá...).