terça-feira, 5 de março de 2013

Carta para alguém que já está longe demais

Fiquei horas olhando pro papel. Já não sabia mais o que dizer e nem se deveria dizer alguma coisa. Fiquei por muito tempo encubada em meu silêncio que hoje, agora, neste momento em que escrevo, talvez as palavras falhem comigo. Durante esse tempo não sei com que força consegui segurar meu coração, fazer com que ele não saísse pela minha boca a todo momento. Bastou uma lembrança qualquer, uma recordação boba e feliz que viesse à minha cabeça para que eu ressuscitasse o que estava morto há muito tempo. Não vou me desculpar por nada, nenhuma atitude, pois o que meu coração dizia para eu fazer, era feito. Me desculpo, apenas, por ter agido com a emoção e não com a razão. Entregar-se demais dói. Descobri que a gente fica doente por amor sim, e que isso não acontece apenas nos livros. Aconteceu comigo. Aos poucos volto para minha rotina corrida e espero não ter tempo para pensar em como meus problemas me atrapalham, apenas em como resolvê-los. 
Olhando para trás, vejo como fui tola e de certo modo ingênua, mas me orgulho de ter amado com todas as minhas forças, de fazer com que cada minuto fosse especial. Não me arrependo das coisas que eu disse, apenas das que eu não tive coragem de dizer. Olhando para esta folha agora, ainda parece estar vazia, só o branco do papel e o preto da caneta, mas ele está cheio de sentimentos, dos mais variados possíveis.

Um abraço. Te mando aquele abraço e todo aquele carinho de sempre, o mesmo que sustentou o nosso amor e que não me permite encarar teus olhos hoje.

                                                                    Eu.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sem café, sem par

Minhas manhãs se tornaram vazias, tornaram-se mais brancas. Eu tomava leite. Já não tinha forças para levantar, para comer.. me forçava a tomar meu leite pela manhã e voltava a dormir. Antes de voltar a dormir, ousei olhar-me no espelho pela primeira vez desde o ocorrido. Eu parecia exausta, mesmo depois de tanto dormir, o travesseiro havia deixado meu rosto com um aspecto amassado e eu me sentia suja. No momento em que me vi naquele estado e uma lágrima fugiu de meus olhos, tomei a coragem de arrumar minha vida. Começando por um banho gelado, alguma coisa que me acordasse para a vida que continuava lá fora. Enquanto a água escorria pelo meu corpo, minha pele se arrepiava e a cada segundo me sentia mais acordada. Percebi que o momento da tristeza passou, que era hora de deixar o passado em seu devido lugar e viver a cada instante o presente. Mesmo assim, o vazio ficaria para sempre, afinal o café eu podia substituir pelo leite. O meu par jamais seria substituído.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

IX

"Eu te protejo de tudo. Eu te protejo." As palavras ecoavam por meus ouvidos já surdos de tanta mentira. Eu lia romances querendo atraí-los, mas na verdade apenas os invejava, pois minha vida nunca passou de um simples desejo, um simples sonho adolescente, até mesmo infantil. Pedi mil vezes que aquelas palavras fossem verdadeiras, e prometi pra mim mesma que nunca mais voltaria atrás, mas eu não consigo. Não tenho forças o suficiente para vencer sozinha. Olhava nossas fotos antigas, nossas fotos transbordando amor e agora... onde estão as fotos do agora? Onde está aquela felicidade estampada em nossa face? Só queria que ficasse comigo para sempre e que cumpríssemos tudo que prometemos um ao outro, que realizássemos nossos sonhos sem medo de nada, sem medo de ninguém. Só queria que nosso sítio fosse encontrado logo, que nossos filhos nascessem fortes e saudáveis. Eu só queria que nossos sonhos se torassem realidade e que essa dor toda passasse logo.

No telefone...

''Vou ser direta, sabe. Acho que to gostando de você.'' ''O que?'' ''É isso mesmo.'' Ai, acho que não sou muito boa supondo diálogos. Chega a hora e eu nunca falo o que pensei em falar e a pessoa nem sempre reage da maneira que eu esperava. É uma tristeza. Eu ouvia os sussurros dele por toda parte, sempre achei que fosse aquele zumbidinho que vem às vezes nos ouvidos de qualquer um, mas ontem me dei conta de que era uma voz mesmo - era a voz dele. Ah, para com isso, Luísa, acho que tu já esta ficando louca. Sim eu sei. Tu sabe? É claro.
O silêncio tomou conta da nossa conversa durante alguns segundos incontáveis. Na verdade eu estava pensando no que dizer, não sei se ela também estava.
Olha, Lu, para com isso, tenta não pensar. Como não pensar? Ah, sei lá, eu também não tenho a solução pra tudo, né? Mas...
Mas..?
Mas..?
Você sempre me ajudou em tudo e agora vai me deixar na mão? Não to te deixando na mão, Lu, eu não disse isso. Só falei que não tenho a resposta pra tudo. Quer passar uma temporada aqui no sítio comigo? Tem os cavalos...
Ah, não posso com cavalos...... - silêncio e suspiros.
Por que? - a pergunta mais esperada.
Porque eu já andei de cavalo com ele.
Ah, Luísa, por favor! Não é tudo que vai te lembrar ele! Para com essa bobagem e vem logo pra cá, não precisa andar de cavalo, mas fica com as crianças aqui, elas estão sentido a tua falta.
É tão estranho isso tudo.. Eu de repente parei de viver a minha vida simplesmente porque ele não me corresponde. Eu sei como é difícil isso tudo. Eu queria poder te dizer que o tempo cura tudo, mas eu não tenho absoluta certeza, desculpa. Por que está se desculpando? Ai, não sei, Lu, tu está me deixando confusa. Vem logo pra cá.

tu tu tu tu

domingo, 3 de fevereiro de 2013



O gosto do café era sempre o mesmo, mas aquele tinha algo de especial. Era um dia frio, sempre preferi tomar chocolate quente, mas excepcionalmente naquele dia, o café foi minha preferência. Agora, o silêncio tomou conta do meu quartinho pequeno, ouvia-se apenas o barulho do vento batendo à janela, pedindo para entrar. Os cobertores me protegendo do frio, o café aquecendo meus dedos... E meus pensamento? Estavam fervendo. Naquele momento me dei conta que sentia falta de coisas que nunca tive, de sentimento que alimentei durante um tempo em que os meus sonhos eram muito fortes, muito reais. Vivi pessoas e momentos como se fossem únicos, mas acabo de me lembrar: eu estava sonhando.

O café havia acabado em minha xícara, mas a minha preguiça era maior que a vontade de tomar mais um. Lembrei de quando recebia mensagens para dormir - ou eu já estava dormindo?
As coisas mudaram muito de um tempo pra cá, mas o tempo continua o mesmo. Esse mesmo que nos separa, o mesmo tempo que eu levo para encher minha xícara de café

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sobre o amor

Não sei em quem acreditar quando falam sobre o amor. Ninguém sabe ao certo que coisa é essa e muitos sabem demais. É um paradoxo.
Não acredito nesses livros sobre o amor, nesses textos amorosos. Não acreditem em mim. Eles machucam.
O amor não se explica, se sente. O amor pode vir de repente, quando a gente acorda. Depois de um gole de água gelada, de uma banho de mar. O amor é quando a gente vive, quando a gente sorri por nada. É ler um livro e chorar.
Amor é quando o tempo mesmo longo não desgasta, quando a distância não apaga.
Amor é sair correndo e abraçar o vento. É sentir.
Não sei muito sobre o amor, não acredito em tudo que me falam sobre ele, apenas sei que ele está em todos os lugares, em todas as pessoas. Sei que é intenso, porque eu já senti.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

VIII


Eu havia tocado o céu. Naquela tarde ensolarada, o vento frio não deixava que eu sentisse calor. O mar estava lindo, num verde azulado que eu nunca havia visto. Pássaros voavam em busca de seu norte e eu ainda procurava o meu. Fechei os olhos por um instante e pude acreditar que estava no céu. As areias brancas, tão leves e macias eram como as nuvens. As ondas já chegavam aos meus pés e a bela sensação que me trazia era indescritível. Pude ouvir do vento algumas palavras enroladas, frases meio soltas...

Eu havia tocado o céu. O sol já estava se pondo e o vento ficava cada vez mais frio. Agora era a hora de entrar no mar. Era hora de sentir por inteiro aquele arrepio, aquela vontade de que o sol aparecesse. Era hora em que as ondas encontravam o meu corpo suavemente. Entrei no mar para refrescar minhas ideias, para que o vento sussurrasse ao meu ouvido, outra vez, aquelas mesmas frases enroladas que eu ainda tento decifrar.