quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Para o meu amor.

Olha, veja bem, meu amor. 


Queria tanto estar olhando agora nos teus olhos. Queria estar dizendo isso pessoalmente.  A chuva me eleva completamente a alma e é nesta tarde chuvosa que te escrevo. 
Eu podia te ligar agora, não podia? Podia ligar, sim, ligar e dizer tudo isso que tenho para dizer, mas escrevo. Escrevo porque é mais romântico, porque lido melhor com as palavras escritas. Esta carta tem mais de mim do que eu mesma. 
Olha, meu amor... te escrevo não só para dizer que sinto saudade, que tenho mergulhado em meus livros estudando, procurando alguma maneira de aliviar essa dor que é sentir a saudade. Te escrevo pra dizer, que volta e meia corro ao meu quarto para folhear aquele livro que você me deu; volta e meia me pego lembrando de seus gestos, suas manias... Que, desde a última vez que nos encontramos, teu cheiro está naquela minha camisa listrada.
A verdade é que te escrevo pra dizer que não consigo viver com essa saudade. Que os dias têm me sufocado a cada instante e que não consigo parar de pensar que poderia ter sido diferente. Por isso te peço desculpas, por escrito, pela carta, mas peço. Porque nem falar eu consigo mais. Poderia te ligar, sim, mas com a voz embargada de nada adiantaria.


Te escrevo agora, implorando que volte. Que volte com todo aquele amor, aquele carinho de sempre. Que volte pra mim, que nunca mais se vá, que nunca mais me deixe. Te escrevo, e só paro de te escrever agora pois essa carta não teria fim, assim como meu amor. Só paro de te escrever agora, porque as lágrimas já estão caindo na folha e sei que não vão parar tão fácil. Te amo sempre. 


Pra sempre tua, com todo amor.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

22:47 ainda não desfiz minhas malas. Na verdade nem queria fazê-las mesmo. Na verdade nem devia ter ido viajar. Não foi bom. 22:47, ontem a esta hora estava feliz, muito feliz. Falava de meus planos, meus sonhos... E tinha em mente o que iria te dizer naquela noite - Ah, passei a tarde inteira decorando frases, que eu sei que na hora não sairiam perfeitas, mas tinha em mente muito bem planejado o que te diria. As horas iam passando e minha felicidade se transformava em algo que eu não sabia bem explicar o que era. Uma exaltação, alguma coisa querendo sair de mim, uma agonia, uma dor, uma alegria... tudo ao mesmo tempo. E era tão bom... Até as 23:30. Até este horário estava tudo bem, até eu te ligar.Ouvir tua voz me faz um bem danado. Mas naquele momento parecia que as coisas estavam mudando - mas estava tudo indo tão bem! E eu já não sabia o que estava ouvindo e nem o que estava dizendo, as coisas estavam se confundindo e em pensar que eu tinha apenas te ligado pra dizer que queria te ver, que tinha muitas coisas para dizer. Tudo aquilo que antes eu estava sentindo começou a querer sair. Eu já estava ofegante e com os olhos lacrimejando. Já era meia noite. Já era tão cedo pra mim, que tinha planejado horas e horas de declarações a fazer, já era tão cedo para se decepcionar, já era tão cedo pra chorar. Desliguei. Desliguei porque já não tinha forças pra segurar o celular.

Fui à procura de algo que não sei o que era. Em minha cabeça um turbilhão de pensamentos; em mim, sentimentos misturados.  Queria chorar, mas não conseguia, queria gritar mas nem isso me saía. Eu estava paralisada internamente. E eu caminhava, caminhava não sabia pra onde. Minhas pernas me guiavam.01:08 Onde eu estou? Tentei te ligar mais uma vez. Quem sabe você não mudaria de ideia, não viria me salvar - era isso que eu queria? alguém pra me salvar, era o que eu estava procurando? E você não atendia. Minha aflição a cada passo aumentava, até que, um gramado conhecido surgiu na minha frente: era minha casa. Respirei aliviada. Entrei em passos rápidos, parecia uma fugitiva.01:57 Me deitei e o mundo parecia girar. Precisei de mais um minuto para entender tudo que havia acontecido. Uma lágrima, mais uma, e outra, e outra.... e desabei. E tudo aquilo por quê? Porque te liguei querendo te encontrar, queria expor meus sentimentos, compartilhá-los contigo.Agora, já são 23:39 e minhas malas ainda estão intactas. Vou confessar que queria muito te ligar agora, mas não tenho coragem. Agora nada mais importa, deu tudo errado, vou desfazer minhas malas antes que as lágrimas voltem a rolar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Delírios

Fiquei dias sem ter o que dizer. Dias sem saber o que escrever. É a saudade. A saudade me enfraquece. E, ao passo que a distância aumenta, parece que cada pedaço de mim se vai.  Já não tinha mais o que pensar. As ideias já me fugiam, já não tinha inspiração - ela estava sumindo aos poucos, assim como eu mesma ia me sentindo vazia. Oca.
A felicidade me encontrava certas vezes ao receber uma mensagem tua. Por mais simples que fosse aquilo me renovava. Mas a saudade... Ah, essa nunca me deixava.
A felicidade me encontrava, também, em meus sonhos. Descobri que sonhar faz bem. Gosto de imaginar. Gosto de te imaginar, de nos imaginar. E tantas vezes me senti abraçada, tantas... E era você quem eu sentia. Será essa sintonia verdadeira, real? Será que você também pensava em mim naquele momento?

Houveram dias que eu queria que passassem depressa, para que eu pudesse sonhar contigo à noite.
Houveram noites que eu não queria que terminassem.

Fiz bem de escrever, parece que me aliviou. Tirei um peso de dentro de mim. E a saudade continua a mesma, até mais forte.
Houve noites em que eu pegava o caderninho e a caneta, e ficava horas só ouvindo a chuva cair; no papel? Nada. E as palavras que antes me perseguiam? Agora fogem. Fogem porque elas não sabem de mais nada. Somos agora incógnitas. Eu e elas. Eu e as palavras: incógnitas. Onde isso vai parar, elas me perguntavam.
Não sabia de mais nada. A única coisa que sabia era que a saudade estava, agora, me machucando como nunca. E a vontade de estar perto aumentava a cada instante.
Peguei meu caderno tantas vezes para escrever, mas não sabia o quê. A verdade é que meus sentimentos já estavam se confundindo. E eu já estava enlouquecendo - como agora.

Vou-me embora

Vou-me embora. Sair sem rumo – já tinha pensado em fazer isso. Resolvi deixar tudo para trás, até deixei amores, dores e destino. Esse vento que bate agora, parece que me assopra alguma coisa aos ouvidos: quer que eu volte. Não voltarei, sumirei. Sumi tanto que me perdi, nem eu me achei. De tão estranho sentimento e ilusão, tamanho sofrimento em mim não cabia mais. Deixei tudo. Minha casa, minhas coisas, minha vida, minha alma, meu coração lá deixei. Loucura – nada mais explica isso, nem poetas, nem eu mesmo, nem metáforas, nem nenhuma outra figura de linguagem. Loucura feliz. Feliz pelo alívio que dá, pela coragem da fuga, pela perda das coisas: pela minha perda. Não importa que me digam que é errado, que deixar as coisas pra trás não mudará nada, mas estou certa – já fiz minhas malas. Ou melhor, quer saber? Não vou levar nada. Não vou deixar pistas, não vou deixar cartas, não vou deixar lágrimas, vou deixar apenas as lembranças já que nem isso eu quero mais. Vou-me embora antes que seja tarde, antes que esses malditos ventos soprem outra vez.